• junho 19, 2024
  • 90 minutos

Casa Fiat apresenta exposição “BH eclética”

Casa Fiat apresenta exposição “BH eclética”

A mostra, que integra o evento de arquitetura Modernos Eternos, destaca obras do arquiteto Edgard Nascentes Coelho, um dos responsáveis pela construção da capital; exposição  fica em cartaz até 18 de agosto 

 

Exposição BH eclética a arquitetura de Edgard Nascentes Coelho na Casa Fiat de Cultura crédito Leo Lara (6)
Exposição BH eclética a arquitetura de Edgard Nascentes Coelho na Casa Fiat de Cultura crédito Leo Lara (6)

Quantas histórias a arquitetura de uma cidade é capaz de contar? As edificações de Belo Horizonte não só representam uma variedade de estilos e influências culturais, como revelam figuras marcantes para a preservação de sua memória e patrimônio. A Casa Fiat de Cultura dá destaque ao arquiteto Edgard Nascentes Coelho (1853-1917), cujas obras ainda hoje marcam a paisagem da cidade, como a Igreja de São José, o Coreto da Praça da Liberdade e o prédio do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG), que este ano recebe o Modernos Eternos BH – 2024.

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Integrando esse evento de arquitetura, a exposição “BH eclética: a arquitetura de Edgard Nascentes Coelho na Casa Fiat de Cultura” proporciona, por meio de fotografias, documentos, desenhos arquitetônicos e cartões postais originais, uma visão do estilo eclético dos projetos do arquiteto. O acervo de objetos e do mobiliário da época do Instituto de Educação ativa o imaginário do público, ampliando a percepção desse período para além da arquitetura.

A mostra é gratuita fica em cartaz até 18 de agosto de 2024. Mais de 50 peças em exposição recontam o modo de viver do início do século XX e evocam memórias afetivas daqueles que passaram pelo Instituto de Educação. Segundo o presidente da Casa Fiat de Cultura, Massimo Cavallo, a exposição apresenta referências de diferentes tempos do IEMG, com peças que fizeram parte do universo acadêmico de várias gerações, em mais de 100 anos de história.

“A mostra revela a importância do patrimônio cultural e artístico e apresenta aspectos marcantes da identidade da capital, estimulando novas percepções sobre a história com um olhar para o futuro.”

Dentre as peças em exposição, os postais – um meio de comunicação tão importante naquela época – reforçam a importância da arquitetura ao retratar os edifícios que faziam parte da paisagem da cidade. Um quadro de giz e outros objetos pedagógicos do final do século XIX e início do século XX dão uma visão de como eram os materiais escolares nesse período. Além disso, os móveis de época permitem a compreensão não só da arquitetura, mas dos interiores dos ambientes na época da construção da cidade.

Na mostra, a Casa Fiat de Cultura ainda relembra Jeanne Milde (1900-1997), escultora belga naturalizada brasileira que, além de artista, foi pioneira na educação para as artes em Minas. Formada pela Real Academia de Belas Artes de Bruxelas, ela aceitou o convite para compor a Missão Pedagógica Europeia para uma reforma educacional em Belo Horizonte.

Na então Escola Normal Modelo – hoje Instituto de Educação – era responsável pelas disciplinas de modelagem e pintura. Milde é considerada a primeira presença feminina, artista e profissional, no universo das artes na capital mineira, abrindo espaço e oportunidade para outras mulheres nos anos a seguir. Atualmente, o hall de entrada do IEMG possui dois painéis em baixo-relevo esculpidos por ela, um representando o ensino artístico e o outro o ensino das ciências.

A exposição conta com três esculturas de Milde, do acervo do Museu Mineiro: “As primeiras palavras” (1946), voltada para a temática da educação ao retratar uma mulher e uma criança juntas, “Retrato de Vera” (1960), em que explora a mulher e o feminino, e a emblemática “As adolescentes” (1937), produzida pela artista logo ao chegar em BH, que apesar de trazer uma escultura clássica, é uma obra muito importante do Modernismo.

No dia 25 de junho, às 19h30, a exposição “BH eclética: a arquitetura de Edgard Nascentes Coelho na Casa Fiat de Cultura” será apresentada pelo curador e arquiteto especializado em design de interiores, Will Lobato. Durante a visita mediada, ele irá mostrar os conceitos e as escolhas feitas para montar esse ambiente que traz referências dos primeiros anos de vida da capital mineira.

 

Quem é Edgard Nascentes Coelho

Edgard Nascentes Coelho (1853-1917) nasceu no Rio de Janeiro e mudou-se para Belo Horizonte em 1894 para integrar a seção de Arquitetura da Comissão Construtora da Nova Capital. Seu desafio era não apenas a substituição da antiga capital Ouro Preto, mas a construção de uma cidade que simbolizasse o progresso e a modernidade. Para o curador Will Lobato, a capital mineira não seria a mesma que conhecemos hoje sem Edgard.

Além do Instituto de Educação, o arquiteto é autor do projeto do Coreto da Praça da Liberdade (1904), o único remanescente do primeiro traçado da praça radicalmente remodelado após a visita dos reis da Bélgica em 1920. Também são suas obras o Palacete do Secretário de Finanças (1897), o Palacete rua dos Timbiras (1897), o Palacete Grupo Escolar Affonso Penna (1897), o Primeiro Corpo da Polícia Militar (1901), a Igreja de São José (1901), a Igreja do Sagrado Coração de Jesus (1901), a Residência Dr. José Oswaldo Araújo (1903) e o Palacete Vivacqua (1909).

Os edifícios projetados por Edgard, com suas fachadas ornamentadas e detalhes elaborados, traziam muitas características arquitetônicas europeias.

“Edgard se valeu amplamente do ecletismo como meio de trazer para Belo Horizonte uma arquitetura que pudesse dialogar com as tendências internacionais”, explica Will Lobato.